sábado, 28 de abril de 2012

12 minutos


olhar rápido para o relógio de pulso. desespero. Curva, semáforos placas de pare. 2 minutos. Aperto apressadamente o sinal e fico no posto. O ônibus pára, desço. passos rápidos. uma corrida de leve e o tubo com os desenhos se abre. papéis espalhados pela calçada suja. 7 minutos. Apanho o material espalhado e ensaio uma corrida. primeira esquina, atravesso sem olhar e quase sou atropelada. corro um quarteirão. 9 minutos. segunda esquina. semáforo aberto e fluxo intenso. espero. canso de esperar, desespero e me lanço entre os carros. corro desesperadamente mais um quarteirão. 10 minutos. ainda resta meia quadra. respiro. o corpo treme e sua. a mochila pesa. o tubo ameaça abrir novamente. corro e subo desesperadamente um lance de escadas. pergunto -a prova? uma voz responde - primeiro andar. mais um lance de escadas - a prova? - no fim do corredor. -onde? onde? onde? 11 minutos. a prova. três batidas de leve na porta e nenhuma resposta. três batidas intensas na porta e nenhuma resposta. coração acelerado. pernas bambas, corpo trêmulo, respiração descompassada. desespero. mão na maçaneta, abro levemente e espio por uma fresta. alguém vem ao meu encontro, e pede paciência. 12 minutos. posso entrar? não. por favor, houve um engano...  infelizmente se passaram 12 minutos. a porta se fecha. a possibilidade não existe mais. se passaram 12 minutos. 12 minutos de tortura, de pura impossibilidade, 12 minutos me separando de uma escolha. o corpo sua e treme o coração acelerado e o pulmão respira descompassado. pernas bambas. tontura e desnorteamento. desço as escadas, sento em um canto respiro e penso. desnorteamento. tento chorar, mas não consigo. subo as escadas entro na biblioteca e desenho compulsivamente durante três horas.

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